Em, 16.5.2011
Por Pietra Luña
Uma tristeza baixou agarrada à chuva fora de época que molhou Brasília hoje. O incômodo ficou apertando o peito e perturbando os olhos, sem me dizer rapidamente do que se tratava. Fui trabalhar, voltei e o segredo continuava lá fazendo silêncio na consciência e barulho na garganta. Que coisa!
Na última tesourinha, perto da minha quadra, depois de pensar por 40 km, consegui a primeira vitória: chorar ao som do Ney cantando Cartola! (A sorrir eu pretendo levar a vida/ Pois chorando eu vi a mocidade perdida/ Finda a tempestade / O sol nascerá / Finda esta saudade /Hei de ter outro alguém para amar).
Foi como apertar o gatilho. Sabe aqueles pensamentos que desencadeiam um monte de outros que disparam na cabeça igual metralhadora e quem morre é a nossa força? (O compositor diria que é assim que se cai "no abismo que cavastes com teus pés").
Eu já estava morrendo de pena de mim. Minha cabeça é tão poderosa que cria fantasmas de primeiro time, que feito o Neymar driblam qualquer lógica, dão chapéu na dignidade, chutam a autoestima e arremessam a paz de espírito para o fundo da rede. De seis a zero, a infelicidade tomou meu pensamento. Que coisa!
De repente, pimba! Cartão amarelo, apitou o juízo mental! A falta no zagueiro, abrindo a guarda, me mostrou onde estava o furo para o ataque de ideias destrutivas. Isso! Eu estava sem proteção! Percebi que toda vez que me vejo com muitas decisões a tomar, problemas para resolver, piano pra carregar, vem todo o desamparo tão familiar desde a infância. Que coisa!.
Fui daquelas que nunca teve pai, mãe, irmão mais velho ou marido para brigar por mim. Nunca tive quem comprasse minhas brigas. Nunca tive quem fosse me defender de injustiças. Nunca tive quem fosse dar um chega pra lá em um moleque idiota. Nunca tive amparo. Entretanto, já comprei muita briga por ai para defender quem eu sequer conhecia. Que coisa!
Poxa, como arrumar algum protetor agora que não seja solar? Fui na internet, pelo menos, procurar imagens para ilustrar este texto e na busca por "proteção" o que encontrei? Grades! Telas! Gente, é prisão? Não pode ser não! Dai procurei por "amparo"... Achei a cidade... Deixa pra lá... Que coisa!
Melhor desistir dessa busca virtual, né? Mandei um cartão vermelho para a agonia e revirei os pensamentos com outras fantasias mais prazerosas. Fui para marca do pênalti, encarei o adversário e corri para o abraço! Quem sabe a saída não seja mesmo arrumar um guarda-costas tal como a princesa Stéphanie de Mônaco? Pois afinal "você precisa de alguém que te dê segurança, senão você se cansa e dança! dança! dança!