Homines peludos, homines pelados



Em, 21.1.2011
Por  Pietra Luña

Hoje tive uma hilariante tarde no cabeleireiro. Depois de tentar uns três salões de beleza, lotados (sexta-feira?), caros e com nomes estapafúrdios (confira a criatividade aqui), finalmente cheguei a um lugar meia boca para cortar meus cabelos sem hora marcada. 

Chegando lá, fui esperar minha vez olhando aquelas revistas amarrotadas, semirrasgadas e antigas. Quem pra cá, Caras pra lá, Contigo acolá, fui passando o tempo até que a conversa da cliente vizinha com a manicure me pegou com a manchete "minha perereca está cheia de pentelhos brancos, estou desesperada". Imediatamente minha cabeça disparou em sua direção. Inevitavelmente, eu ri por dentro.

Era uma mulher de 30, ou um pouco mais, tingida de louro xuxa, bronzeada ao tom "celebridades" e vestida do tipo bazar das peruas. O papo foi aprofundando. "Nossa, quando eu descobri o primeiro fiquei maluca e arranquei com a pinça. Mas agora são tantos que estou pensando em depilação definitiva, pois não posso conceber alguém dando de cara com eles na hora... você sabe". 

Lembrei-me de ter lido em algum lugar que a depilação a laser, por exemplo, não pegava em cabelos claros, quem dirá brancos. Mesmo sem ter certeza, enxerida que sou, resolvi falar com a moça de xoxota grisalha que talvez ela fosse se frustrar na empreitada. 

Ela arregalou os olhos e disse quase gritando entre os esmaltes e secadores: "Não! Não é possível! Naaaão! Estou arruinada!". Juro que parecia alguém tendo a pior notícia familiar, pessoal, profissional equivalente a  falência ou morte.

Nessa hora, a manicure arrancou-lhe um bife (com a puxada de mão que "'vaidosa em fase de envelhecimento pubiano" deu) e soltou a pérola, depois do pedido de desculpas: "Ah, boba, não liga não. Pior é ter câncer e ficar careca. A Hebe disse na TV que até a perseguida fica sem pelos. Então, vai fazer quimioterapia que o seu problema resolve". 

Estava armado o circo. O salão tomou conta do assunto e a cabeleireira do outro lado perguntou se ela já estava com brancos nas sobrancelhas, também, e no nariz. Eu tive um ataque de risos com a cara de pavor que a jovem esboçou com o seu "creeeedoooooooooooo, tá doidaaaaa?", ao que foi retrucada pela senhora do lado direito com um "que é isso menina, eu já tenho faz tempo, olha aqui, olha" apontando para o buço, orelhas etc. A partir dai cada mulher tinha um pentelho branco para atirar. 

Na volta para casa, depois de dar meus pesares e desejar boa sorte à moçoila estressada, fui imaginando como envelhecer pode ser difícil para algumas pessoas e como a moda aprisiona alguns seres. Pelos (o acento caiu e me faz falta, viu!) à parte, fui tentando me lembrar quando começou essa moda de depilação ao estilo filme pornô e do novo conceito "pelos nunca mais" para homens e mulheres (algo que já ultrapassa quatro milênios).  Recordei as críticas às coelhinhas Claudia Ohana e Fernanda Young por causa da quantidade de pelos na Playboy. 

Babaquices e ditaduras para longe daqui (cada um com seus pentelhos como bem entender, de preferência sem paranóias para viver melhor), fiquei com a porcaria dos cabelos brancos nas ideias, com a dúvida: por que brancos não morrem no laser

Em uma rápida navegada achei um blog que confirma essa informação dizendo que "a restrição está nas características dos pelos de cada pessoa, porque o laser não tem eficácia em pelos brancos, loiros, ruivos ou em pelos muito finos (penugem), pois estes tipos de pelos apresentam pouca melanina (pigmento que dá cor aos pelos e atrai laser até o folículo piloso)". Apesar de não ser uma fonte segura, acho que faz sentido. 

Ah, tá. E os homens, será que eles também têm essa preocupação com a "mata peniana"? Fiquei curiosa. 

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