Em, 28.11.2010
Por Pietra Luña
Hoje o dia estava preguiçoso e a vontade de ficarmos quietinhos no ninho era enorme. Mas em nossa casa há uma lei: domingo é dia de sair. Em grande parte das vezes, escolhemos programas culturais tais como teatro, dança, cinema, exposições artísticas etc. E, embora Brasília, como em outras metrópoles do sul e sudeste, não tenha essa tradição (aqui é outra: a política), aqui sempre achamos um espaço cultural para deleitar os sentidos.
Começamos a nos arrumar no fim da tarde, pois o almoço (como sempre) ultrapassa em no mínimo duas horas o horário habitual da semana. Por volta das 18h fomos até a Caixa Cultural ver algumas exposições que terminavam hoje.
Siron Franco, o acervo da Caixa, Walmor Corrêa, 30 cartunistas porto-alegrenses e muitas fotografias de igrejas de madeira do Paraná ocupavam as galerias.
Vimos desde esculturas de óleo diesel queimado (que me lembrou um caixão fúnebre) até bichos empalhados, ainda, passando por charges e ilustrações aparentemente científicas. Um show para os olhos. Duas exposições me chamaram mais a atenção do que os consagrados Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Lasar Segal e outros artistas-plásticos famosos que compõem a Galeria Caixa Brasil.
"O riso é livro" trouxe aos meus ouvidos o lema mais exuberante dos últimos tempos: "Escrever, ler e desenhar formam a praça dos três prazeres". Isso não é maravilhoso? A ideia dessa mostra surgiu durante a 54a. Feira do Livro de Porto Alegre/RS, em 2008, quando os curadores José Guaraci Fraga e Fábio Zimbres reuniram artistas para produzir cartuns diante do público. A iniciativa era para valorizar a leitura, unindo as linguagens visual e escrita, com humor. Desse mote surgiram as telas em acrílica retratando diversas situações do livro e do leitor. Criativa, sem dúvida. Alguns nos surpreenderam mais que outros, são eles Edgar Vasques, Cado, Chiquinha, Santiago, Uberti e Wagner Passos (confira aqui vários desenhos).
A outra exposição incrível e muitoooooo criativa, que adoramos, foi a do artista Walmor Corrêa, que teve seu interesse pela arte despertados nas aulas de biologia! Daí passou para ilustrações científicas e agora mistura humanos, mitologia, ciências naturais, super-heróis, fauna etc. em pinturas-desenhos fantásticos. Sua mostra, chamada de Memento Mori (expressão latina que significa algo como "Lembre-se que você é mortal, lembre-se você vai morrer") o ofício do artifício reúne telas e quase instalações (veja vídeo) divertidas e amplas de significação.
Depois de tantos estímulos emocionais, visuais e mentais fomos deleitar o paladar no Café Cultural, para também esperar a chuva terminar sua fúria (o céu desabou sobre nossas cabeças um minuto antes de entramos pelas portas de vidro). A banana caramelada com sorvete de creme e calda de chocolate arrematou o pelando de quente escondidinho de batata baroa e charque. Imperdíveis!
As galerias estavam vazias. No máximo meia dúzia de pessoas perto de nós. Eu gosto assim: sem fila, sem pressa, sem empurra-empurra. Contudo, a escassez de gente pode ser um sinal de que eventos culturais não fazem parte do programa da galera ou de que domingo é um dia para fazer outra coisa. Eu sei que nós curtimos, e muito!
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