Em, 5.2.2011
Por Pietra Luña
Éramos seis. Perdi as contas das vezes em que os papos acabam em sexo. Ou começam. Rubores de um lado e escrachos do outro, o tema segue. Ora enoja, ora excita. A conversa rola. Doutores daqui e curiosos dali, a dicas animam. Preconceitos e despudores se alternam na vida como ela é. Até que...
Uma das "meninas" logo levanta a voz, indignada: "estou cansada de ser apenas uma boceta!! Chega! Sou uma mulher! Exijo respeito, admiração, atenção e paquera". Gi que estava em crise hormonal contestou: "larga de ser besta, mulher! Nessas carnificinas noturnas você espera encontrar alguma coisa a mais do que picas à beira da ereção?" Tudo fazia sentido, menos o meu copo vazio.
Eu saquei um guardanapo e anotei a ideia para fazer um texto: mulheres-bocetas e homens-cacetes. Ficamos no Beira até fechar. Depois de uma conta surreal e cervejas reais na cabeça peguei um táxi. Fui embora pensando em "pirus e xoxotas". Nos flashes vinham os argumentos a favor e contra a liberação do desejo sexual.
Entendia o ponto de vista da Fernanda que se sentia tão carne de açougue, tão desvalorizada como mulher, tão "perereca" ambulante, que já estava desistindo das baladas muito azaradouras. Também compreendia perfeitamente a visão mais libertina de Gi com seu furor e desejos imediatos. Faces de uma mesma moeda, em oposição.
Duas coca-colas depois, sem cara ou coroa, sentei para escrever e fui procurar imagens e conceitos para ilustrar esta postagem. Num erro de digitação mandei o google pesquisar "docetas" e na primeira ocorrência me vem o "docetismo". Uau! "do grego δοκέω [dokeō], "para parecer" é o nome dado a uma doutrina cristã do século II, considerada herética pela Igreja primitiva". Céus! Cacetes me mordam! "Para parecer", exatamente o pensamento da Nanda se recusando a apenas "parecer" uma boceta com CPF. E tinha mais, explicavaa confiável wikipédia "a doutrina defendia que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação teria sido apenas aparente. Não existiam 'docetas' enquanto seita ou religião específica, mas como uma corrente de pensamento que atravessou diversos estratos da Igreja."
Pronto, matada a charada! Fernanda queria ser uma doutrinadora do docetismo, militando nas noites, ao tentar convencer que seu corpo era apenas uma ilusão na madrugada e que sua alma estava acima de qualquer forró, pagode ou enconcho alcoólico. Ou seria Gi que tentava nos convencer acerca das ilusões amorosas botando o corpo nítido diante de qualquer espreita? Babado complexo para as três horas da madrugada.
Dando um tempo aos neurônios, fui buscar imagens sobre sermos bocetas. Encontrei uma porção de bucetas (só faltou o limão cortado de banda), modelos variados, cores, tamanhos, estilos. Vi mapas apontando os pontos do prazer e personalidades desenhadas. Peludas, peladas, negras, rosadas, abertas, reservadas. Nessa história acabei me esquecendo dos cacetes! Caceta! Fingi que não percebi e resolvi terminar a postagem. Conclui que quem quer só sexo não procura identidade. Tampouco religião. Gozai-vos vós, amém!
Uma das "meninas" logo levanta a voz, indignada: "estou cansada de ser apenas uma boceta!! Chega! Sou uma mulher! Exijo respeito, admiração, atenção e paquera". Gi que estava em crise hormonal contestou: "larga de ser besta, mulher! Nessas carnificinas noturnas você espera encontrar alguma coisa a mais do que picas à beira da ereção?" Tudo fazia sentido, menos o meu copo vazio.
Eu saquei um guardanapo e anotei a ideia para fazer um texto: mulheres-bocetas e homens-cacetes. Ficamos no Beira até fechar. Depois de uma conta surreal e cervejas reais na cabeça peguei um táxi. Fui embora pensando em "pirus e xoxotas". Nos flashes vinham os argumentos a favor e contra a liberação do desejo sexual.
Entendia o ponto de vista da Fernanda que se sentia tão carne de açougue, tão desvalorizada como mulher, tão "perereca" ambulante, que já estava desistindo das baladas muito azaradouras. Também compreendia perfeitamente a visão mais libertina de Gi com seu furor e desejos imediatos. Faces de uma mesma moeda, em oposição.
Duas coca-colas depois, sem cara ou coroa, sentei para escrever e fui procurar imagens e conceitos para ilustrar esta postagem. Num erro de digitação mandei o google pesquisar "docetas" e na primeira ocorrência me vem o "docetismo". Uau! "do grego δοκέω [dokeō], "para parecer" é o nome dado a uma doutrina cristã do século II, considerada herética pela Igreja primitiva". Céus! Cacetes me mordam! "Para parecer", exatamente o pensamento da Nanda se recusando a apenas "parecer" uma boceta com CPF. E tinha mais, explicava
Pronto, matada a charada! Fernanda queria ser uma doutrinadora do docetismo, militando nas noites, ao tentar convencer que seu corpo era apenas uma ilusão na madrugada e que sua alma estava acima de qualquer forró, pagode ou enconcho alcoólico. Ou seria Gi que tentava nos convencer acerca das ilusões amorosas botando o corpo nítido diante de qualquer espreita? Babado complexo para as três horas da madrugada.
Dando um tempo aos neurônios, fui buscar imagens sobre sermos bocetas. Encontrei uma porção de bucetas (só faltou o limão cortado de banda), modelos variados, cores, tamanhos, estilos. Vi mapas apontando os pontos do prazer e personalidades desenhadas. Peludas, peladas, negras, rosadas, abertas, reservadas. Nessa história acabei me esquecendo dos cacetes! Caceta! Fingi que não percebi e resolvi terminar a postagem. Conclui que quem quer só sexo não procura identidade. Tampouco religião. Gozai-vos vós, amém!