Garganta profunda


Em, 08.12.2010
Por  Pietra Luña


Acordei de um cochilo no meio desta tarde (uma enxaqueca terrível me pegou pela nuca). Motivo? Uma pamonha quentinha!  Tirei o tapa-olhos e vim para cá BERRAR publicar minha TPM (Tem Pamonha na Mídia). Muito antes da era virtual (na qual se vai e se compra sem sair do lugar), as propagandas eram feitas no grito: pipoqueeeeiiroooooooooooo!! Amoladorrrrrrrrrrrr! Leteeeeiroooooooooooo! Beeeem mais tarde vieram os ambulantes de praia com seus "amendoimmmmmmmmmmmm torradinhooooooooooo", "espetinhooooooooo", "olha, oooo maaaateeee gelaaaaadoooo" entre outros tipos de comilança que a gente se permite sob sol, vento, mar e muita areia no gogó.

Curiosa fui pesquisar a origem dessa propaganda "oral". Na cidade mineira Arcos, dizem que essa ideia de comunicação falada nas ruas teve grande apoio da igreja católica (por exemplo, na década de 50, padre Domingos usava alto-falante para propagar avisos de missa). A gente sabe que a história da comunicação é bem antiga. Em 59 a.C. surgiram os primeiros outdoors (esculpidos em pedra) com avisos sobre os eventos da velha Roma de Júlio César. Dos jornais-cartazes colados em postes nas ruas, por volta de 1700 (?), até o rádio  se passaram quase 200 anos. Já da mídia radiofônica até a televisão foi quase um pulo, e para a internet outro. O século XX foi porreta para ajudar (nós humanos preguiçosos e sedentários) a falar mais/ para mais pessoas/ ao mesmo tempo/ com o menor esforço. Ufa! 

Nessa andança pelas ruas cibernéticas da WWW, descobri o óbvio: Thomas Edison! O genial inventor da lâmpada e de outras centenas de coisas, incluindo o megafone (e não descobriu a aspirina)! Ah, Edison! Ah, Edison! Depois disso, logo vieram os altifalantes, os carros de som, os trios elétricos! Sanada minha curiosidade, fiquei pensando no quanto a gente só vai acumulando novas linguagens e novas tecnologias.  

O mais interessante é que essa comunicação gritada da era das cavernas "mamuuuuuuteeee assaaaadoooo" não sai de moda. Diariamente, vemos "trogloditas" berrando por ai seus produtos em ônibus, praças, calçadas... E isso não ocorre somente nas cidadezinhas interioranas. Mesmo nas metrópoles, que já têm acesso a todos os meios de comunicação modernos e de última geração, com tele-pamonha inclusive, somos obrigados escutar alguns bordões pelas entrequadras da cidade. Aqui a campeã - depois do irritante caminhão "abacaxi pérola, freguesa! docinho, docinho, diretamente do Espírito Santo" - é a garganta profunda da mocinha que não se cansa de repetir aos ventos "pamonhaaaaaaaaaaaaaaaa quentinhaaaaaaaaaaaaaaaaaa, pamonhaaaaaaaaaaaaaaaaaaa", em plena cidade com mais de 2 milhões de habitantes. Tomara que ela não seja apresentada a um trio elétrico, vai que ela se dana a repetir o funk da pamonha? "Se eu te dou minha pamonha, você me dá o seu cural? Vai cural! Vai cural!"


P.S. Este tipo de comunicação é um híbrido de spam e delivery, pois vem sem a gente pedir e chega ao domicílio com seu entregador. 

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