Desorganização no desaniversário ou organizando mais um dia de vida


Em, 14.12.2010
Por  Pietra Luña


Há anos que eu não ganhava parabéns pelo meu desaniversário! Recordo nitidamente como eu esperava os 11 especiais dias 14 do ano para comemorá-lo. Era uma brincadeira de meninota, muito divertida, naqueles tempos em que fazer um bolo já era a festa. Bastava organizar uma mesa com a toalha mais nova e limpinha, a melhor louça da casa, assar um tanto de pão de queijo, bater a massa, fazer um brigadeiro de colher, juntar meia dúzia de crush e bidu, chamar os sete amigos da vizinhança. Pronto! Sorriso no rosto e alegria na barriga. O que valia mesmo era o ritual de apagar as velinhas, normalmente na sala de estar, junto dos íntimos; nada que se compare aos espetáculos atuais. 

Quando Patrícia ligou para me cumprimentar com seu "alôoooooooo, amigaaaaaaaaaa! Feliz desaniversáriooooooooo!!!", às 10h, eu estava batendo pernas na W3 sul, com pena do estado caótico da minha morada. Foi ali na 511, a conhecida "rua das ferragens", que rasguei o peito de contentamento e acelerei as emoções dos tempos idos. Bem ali, no meio de pregos, parafusos, dobradiças, cola de madeira, arruelas, cifão, torneiras e outras quinquilharias que servem para não deixar a casa cair. Fiquei tão desconsertada, que o vendedor me ofereceu um banquinho no momento em que eu arregalava a voz ao telefone, com olhar berrante, dizendo: "nãooooooooo! Nãoooooooooooooooooo acreditoooooooooooooo! Você lembraaaaaaaaa dissoooooooooooooooo?!?!?! Nãooooooooooooo! Nãoooooooooooo é possíveeeeeeeeeeel!". Tomei água, gargalhei por dentro e segui de loja em loja, quadra em quadra. Andei muito!

É que depois de criticar Maria dando me conta de quão péssima "mandante de lar" eu sou, resolvi fuçar a casa inteira para ver os reparos necessários e, enfim, fazer o papel que me cabe (não, definitivamente não caibo bem dentro dele mas insisto). Desorganizei tudo à procura dos "crimes" domésticos, cuja culpa é praticamente da minha sem-vergonha preguiça com a cúmplice vista grossa. 

Quanto ao estado da arte, posso afirmar que meu lar estava um rascunho mal traçado! Box do banheiro com algumas rachaduras irritantes (naquele acrílico lindo amarelo açafrão para destacar os azulejos azuis. Tá bom, o ap. é alugado, eu sei); portas de armários emperradas; quatro dobradiças quebradas; dois puxadores sumidos; uma torneira vazando; dois bocais enferrujados; uns cinco tacos do inferno soltos; aspirador de pó com defeito; videocassete idem (é, pode rir que eu ainda tenho um). O fogão não vou comentar, esperarei as "ofertas" de janeiro, pois Maria MANDOU eu trocá-lo urgente, sob pena de não termos mais qualquer assado no almoço.

Depois do sobe e desce tesourinhas, passei na padaria, comprei pão de queijo, guaraná, uma vela e liguei para Maria fazer um bolo. Botamos uma toalha bonita, as porcelanas do casamento, os talheres do faqueiro, os copos da cristaleira e em volta da mesa cantamos os parabéns por mais um dia de casa com a possibilidade de organizar a vida. Dei o primeiro pedaço para Maria.


Um comentário:

  1. Olá querida, obrigada pela visita! Estamos em contato, bjos e boas festas!

    www.manoelaafonso.wordpress.com

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